Textos e Crônicas

    NAUFRÃGIO NO ANO NOVO

    EM CINCO MINUTOS PASSA UM BARCO E NOS RECOLHE...

    A onda mais forte e mais alta nos pega pela popa. O motor de 75 Hps apaga e nossa lancha Leveforte de 16 pés não resiste e afunda em poucos minutos.
    Por insistência do Luiz Aldo, eu havia acabado de colocar meu colete de mergulho, que na superfície pode ser inflado e transformado em salva-vidas.
    A primeira reação é a de salvar minha sacola, pois dentro havia um bom investimento em material de mergulho como: faca, luvas, touca, cinto de lastro, válvula reguladora, além de óculos de sol, dinheiro, máquina fotográfica , etc.
    Meus parceiros de mergulho fizeram o mesmo e em minutos carregavam além de sacolas, cilindros de ar, rádio e o que mais passava pela frente.
    Na verdade, depois que a lancha afundou, todos tiveram a mesma sensação: em cinco minutos passa um barco e nos recolhe.

    A CORRENTE NOS PUXA PARA O ALTO MAR...

    Faz 15 minutos que estamos ao redor da proa, única parte da lancha que ainda não submergiu.
    "Vamos nadar em direção ao Calhau".
    É o Luiz Augusto quem orienta. Piloto da lancha e o mais calmo entre nós, ele aponta a formação rochosa conhecida como "Calhau de São Pedro", localizada entre a reserva ecológica Ilha do Arvoredo e o Continente.
    A corrente nos puxa para o alto mar. Estamos todos cansados do mergulho feito há 4 horas atrás, e o peso das sacolas e objetos que carregamos passa a aumentar a cada minuto.

    COMEÇAMOS A NADAR...

    A tempestade passa e aos poucos tomamos consciência do que realmente esta acontecendo e ainda da enorme distância que nos separa do único ponto que conseguimos enxergar do local onde nos encontramos.
    Em segundos um grito. "um barco, ali no sul". É o Valtor quem avisa, e logo estamos todos gritando feito loucos e agitando os salva-vidas amarelos que retiramos da lancha antes de afundar completamente.
    O barco passa direto a uns 200 metros sob a chuva fina e o pânico se instala.
    Começamos a nadar.

    É 1o. DO ANO, DIA DE FESTA...

    O mergulho do dia 1º é tradicional, pois já o fazemos há 6 anos consecutivos.
    Sempre no dia 26 de dezembro pegamos nossas famílias e saímos de Gravataí em direção ao Camping Atalaia, localizado na Praia do Mariscal, local ermo, escondido entre as praias de Bombinhas e Zimbros, 80 km depois de Florianópolis.
    Na passagem deste ano contamos 52 pessoas entre homens, mulheres e crianças que faziam parte do nosso grupo e que superlotavam uma área do camping. Era administrado por Mr. Chip, um americano ermitão que há 15 anos descobriu e comprou aquele pedaço de paraíso.
    É 1o. do ano, dia de festa. Final de tarde e nos reunimos para aprontar o equipamento, pois pretendemos sair bem cedo no dia seguinte.
    Com exceção do Valtor, todos trabalhamos na mesma Empresa(na data dos acontecimentos): Cláudio Roberto Nicolini, Diretor Comercial, Luiz Augusto Werlang, Diretor Industrial, eu, Gerente Comercial, Luiz Aldo Winter, Gerente Industrial e o Valtor, nosso convidado, Diretor de uma Empresa que é nossa fornecedora.
    Às 6 horas da manhã nossa lancha "BIG DOG" zarpa da baía de Zimbros em direção ao nosso ponto de mergulho, uma ilha chamada "Deserta", localizada a 30 minutos de lancha da Reserva Ecológica do Arvoredo. Previsão de chegada às 8 horas.

    O MERGULHO RUIM PARECE UM PRENÚNCIO...

    Conforme o previsto, chegamos às 8 horas da manhã.
    Contornamos toda a ilha até chegar ao lado norte, posição que nos pareceu mais favorável para descer a âncora.
    Primeiro mergulham Nicolini e Luiz Augusto. Depois mergulhamos eu, Luiz Aldo e Valtor e é a vez deles tomarem conta da lancha.
    O mar está grosso e há 15 metros de profundidade encontramos correntes marítimas muito fortes, o que faz com que antecipemos nossa subida.
    O mergulho ruim parece um prenúncio do que está por vir.
    Quando emergimos estamos muito longe da lancha. Fazemos o sinal código dos mergulhadores e a lancha vem nos recolher em seguida.
    O Luiz Aldo e o Nicolini resolvem fazer apnéia junto as pedras antes de ir embora.
    O mar continua grosso e a lancha balança muito. Começo a enjoar ou marear, conforme a língua dos navegadores.
    Para tentar me restabelecer, finjo que quero ser fotografado e nado até as pedras.
    Na lancha, a 50 metros da ilha, Luiz Augusto pega minha máquina na sacola e fotografa meu sorriso amarelo.
    Resolvemos nos deslocar até a Ilha do Arvoredo para lancharmos antes de empreendermos nosso retorno ao Continente.
    Espero uma onda maior encobrir a pedra onde me encontro e sou puxado para o mar. Nado até a embarcação e depois de 30 minutos chegamos a Ilha .
    É uma hora da tarde. Como rapidamente e em seguida faço um mergulho de apnéia perto da lancha. Neste tipo de mergulho usa-se apenas os pés de pato, máscara e snorkel, que é aquele caninho que fica acima da superfície e nos permite respirar sem tirar a cabeça pra fora d água.
    Ouço um barulho forte e levanto a cabeça. Me pedem pra subir na lancha e avisam que uma tempestade desloca-se em nossa direção, vinda do sul.

    O MAR VIRA UM INFERNO...

    Resolvemos zarpar com o motor a pleno. Nosso objetivo é alcançar o Continente em uma hora.
    A tempestade nos alcança bem antes, no meio do percurso.
    Primeiro ondas de três metros na proa. Nosso piloto joga a lancha contra elas. Depois ondas laterais. Em seguida chuva de granizo batendo em nossas cabeças. Frio. O mar vira um inferno.
    Logo ondas de cinco metros quebram por toda a parte e finalmente uma muito violenta passa por cima do motor.
    Como que saída de um sonho ouço distante a voz do Luiz Aldo gritando: "rápido Julio, nós vamos afundar."
    Minutos antes do início da tempestade passou bem perto de nós um barco grande. Em meio a chuva víamos duas lâmpadas acesas balançando ao sabor do vento. Podíamos ter encostado e pedido ajuda.
    O orgulho e o sangue Gaúcho falaram mais alto e resolvemos atravessar o dilúvio sem ajuda.
    Erramos.
    Agora estávamos ali, perdidos em alto mar, sem avistar o Continente.

    JULIO, TU PRECISAS NADAR MAIS RÃPIDO...

    Já são quase 3 horas da tarde quando começamos a nadar em direção ao Calhau de São Pedro.
    Luiz Augusto mergulha em baixo do que restou da lancha e volta trazendo uma sacola com nossos pés de pato. Distribui um par para cada um de nós.
    Aos poucos, devido ao peso de minha sacola, vou ficando para trás.
    Vejo que Nicolini, o último a abandonar o barco se distancia rapidamente e percebo que forma-se lentamente uma espécie de fila indiana aquática.
    Primeiro o Nicolini, que nada com duas pequenas bóias em cada braço. Depois o Valtor, que esvazia sua sacola e recolhe o que pode, colocando por sob a roupa de neopreme. Em seguida Luiz Aldo, carregando numa das mãos uma embalagem hermética contendo nosso rádio, que foi salvo na última hora e na outra, uma garrafa d`agua saída não sei de onde. Em quarto na fila, o Luiz Augusto, que nada com seu colete inflado mais a dificuldade extra de ter que carregar junto dois cilindros pendurados no colete, pois não houve tempo de solta-los. Por último eu, ainda agarrado na sacola e no cilindro de mergulho.
    Depois de uma hora nadando de costas ouço o grito do Luiz Aldo: "Kuny(apelido do Luiz Augusto), volta pra buscar o Julio".
    Luiz Augusto retorna 30 metros e pede que eu solte o cilindro. Prá meu espanto, eu não percebia mais que carregava algo em meus braços, apenas sentia um enorme peso.
    Solto o cilindro, mas não sei porque, recuso-me a soltar a sacola. Talvez porque ela era naquele momento meu único elo entre o sonho da terra firme e a dura realidade de estar a deriva em alto mar.
    Ele me convence a entrega-la e diz que vai carrega-la pra eu descansar.
    Dá duas ou três braçadas e solta a sacola para o fundo do mar.
    "Julio, tu precisas nadar mais rápido, senão não chegamos antes do anoitecer".

    ENFIM TERRA FIRME...

    Depois de nadar duas horas e meia, meus movimentos estavam completamente desordenados.
    Luiz Augusto nadava um pouco e voltava pra me incentivar. "Vamos Julio, agora falta pouco".
    Como falta pouco, diabos? Para mim a ilhota continuava tão longe quanto do início do percurso. Minha impressão era de que estava cada vez mais longe.
    Era 2 de janeiro e minha mulher Rosângela, estava no nono mês de gravidez de nosso segundo filho, Felipe. Ele acabou nascendo no mesmo dia de minha filha Karine, 26 de janeiro, ou seja, 24 dias depois no naufrágio.
    Com três horas de percurso eu não pensava mais conseguir. Estava totalmente exausto e a cada pequena parada as correntes me faziam voltar vários metros.
    Chamei o Kuny para perto de mim e ensaiei um testamento verbal. Fui repreendido imediatamente. "Pó cara, tua mulher e tua filha estão lá te esperando. Tu não podes desapontá-las. E ainda tem o bebê que está pra nascer. Nada Julio, nada".
    Aquilo me sacudiu e renovou minhas forças, fazendo-me voltar a nadar frenética e imediatamente.
    Parei de ter maus pensamentos e logo em seguida avistei alguma coisa movendo-se por sobre as pedras que compunham a pequena ilha.
    Avisei Luiz Augusto, que me disse que era um dos nossos, provavelmente o Nicolini ou o Valtor, pois nós não os avistávamos há um bom tempo.
    Forçamos as braçadas e trinta minutos depois, avistamos uma segunda pessoa correndo de um lado para outro por sobre as pedras. Mais tarde ficamos sabendo tratar-se do Nicolini e do Valtor, orientando a subida do Luiz Aldo.
    Após longas quatro horas de braçadas ininterruptas a ilhota cresceu enormemente a nossa frente. Contornamos até o local indicado por nossos companheiros, a fim de subirmos imediatamente até as pedras.
    Tínhamos que ser rápidos, pois estava anoitecendo e ainda corríamos o risco de passarmos ao largo da ilha e sermos levados pela correnteza.
    A meu pedido Luiz Augusto subiu primeiro. Teve enorme dificuldade, pois carregava 2 cilindros de ar nas costas. Além disto, as ?cracas?, restos de mariscos colados as pedras e transformados em navalhas, iam rasgando suas mãos a cada contato.
    Já completamente sem forças esperei pacientemente minha vez.
    Meus companheiros de infortúnio fizeram uma espécie de corda, amarrando as tiras dos coletes umas nas outras.
    Apontaram o local onde eu deveria me deixar arremessar pelas ondas.
    Esperei a onda maior e nadei até as pedras. Tentei levantar-me. Os pés de pato fora d água atrapalhavam.
    O Luiz Aldo me aguardava quase na água pra me alcançar a "corda". Fomos os dois arremessados contra as pedras.
    Nossos corpos foram protegidos pelas roupas de neopreme, mas as mãos, assim como as dos demais náufragos, ficaram completamente ensangüentadas.
    Subimos até a pedra mais alta e abraçamo-nos emocionados.
    Estávamos todos salvos. Enfim terra firme.

    O COZINHEIRO DE UM NAVIO NOS AVISTOU...

    Tentamos usar o rádio: "May day, may day, lancha Big Dog chamando, estamos no Calhau de São Pedro."
    Foi impossível utilizar o rádio sem a antena, que ficou presa na lancha.
    Já passava das 8 horas quando, no cair da noite, o cozinheiro de um navio que passava muito longe, alimentava-se no convés. Viu movimentos estranhos sobre aquelas pedras e chamou o Capitão. Este, com o auxílio de um binóculo, nos identificou e imediatamente aproou em nossa direção.
    Mesmo tendo que nos lançar novamente ao mar, nossa alegria era enorme em tomar contato com o mundo novamente.
    Paulo Werlang(irmão do Luiz Augusto), outro Diretor da Empresa foi o primeiro a nos ouvir chamar pelo rádio do navio, e com o auxílio de uma baleeira, foi ao nosso encontro na entrada da baía de Zimbros.
    Aportamos na praia exatamente a meia-noite, as luzes dos faróis dos automóveis estacionados na areia e os gritos e choro dos amigos e familiares nos trouxeram de volta à vida.
    Ainda emocionados iniciamos uma nova festa, agora a "festa do segundo dia do ano".
    Todos nós continuamos a mergulhar!
    Eu e o Luiz Augusto inclusive, mergulhamos há 42 metros de profundidade em novembro do mesmo ano, nas águas mornas e calmas do Caribe.
    Voltamos várias vezes as Ilhas do Arvoredo e Deserta, e passamos bem perto do Calhau de São Pedro depois do naufrágio.
    Não temos medo, apenas respeito.
    Desde aquele dia sempre que entro no mar, lembro de um trecho de um dos livros do navegador solitário Amyr Klink: "O navegador sábio é aquele que sabe que nunca venceu o Mar. O Mar é que deixou passa-lo".
    (Julio Cesar Prusch - Janeiro 1991)

    NOSTALGIA NO PARQUE DA GUARITA

    Na minha juventude, vivi por dois anos no Parque da Guarita, praia de Torres, litoral do Rio Grande do Sul. Neste período fui gerente do Restaurante Internacional Parque da Guarita, construção de pedra coberta de palha santa fé que nos anos 80 foi point das famílias mais tradicionais do RS.
    O Restaurante era finalmente decorado. Suas mesas eram cobertas com toalhas profundamente brancas e guarnecidas por talheres de prata e copos e taças de cristal.
    Na ala esquerda do prédio, a boate da Guarita, mais uma idéia criativa de sucesso do empresário Luiz Melatti, que era o concessionário do local.
    Ao fundo da boate uma janela de vidro transformava-se em moldura para um jardim de inverno iluminado por diferentes cores e tons. Mesas pequenas e baixas, onde no centro havia um cinzeiro, que encaixado a um cano de metal descia para o solo mantendo em seu interior um líquido misturado a lavanda que não deixava o cheiro do cigarro penetrar no ambiente.
    No terraço à frente da construção, aproximadamente 100 metros quadrados de área plana, coberta de pedras caxambu , acolhia uma quantidade considerável de mesas com guarda-sóis brancos, montando um cenário extremamente agradável para aqueles que freqüentavam o local.
    Toda esta estrutura não seria completa, se justamente a sua frente, cerca de duzentos metros, não estivesse a praia mais bonita do estado. Apenas quatrocentos metros de areia cercados por morros gramados, incluindo a torre da guarita, uma belíssima formação rochosa que foi esculpida a milhares de anos pela natureza privilegiada da praia.
    Na época, ao redor de 1981, famílias com Johannpeter, Chaves Barcelos, Malcon e Maizonave freqüentavam a praia durante todos os meses de verão.
    Nossos garçons, impecavelmente vestidos e com luvas brancas, serviam champagne à beira da praia para os clientes mais acostumados ao conforto que o dinheiro podia comprar.
    Garotas lindas passavam o dia na guarita sendo observadas e abordadas pelos paqueradores de plantão.
    Alguns anos depois que deixamos a administração do Restaurante, fiquei sabendo por amigos que o prédio que abrigava nossa cozinha internacional havia sido transformado em churrascaria.
    Que decepção, naquele dia soube que a Guarita iria conhecer a decadência.
    Nada contra o churrasco, até porque sou gaúcho e apreciador de carne assada. Mas não na guarita! Não naquela paisagem mediterrânea que convida para a degustação dos frutos do mar! Não naquela ilha de beleza e sofisticação!
    No mês passado, janeiro de 2009 , fiquei totalmente frustrado na visita que fiz ao parque.
    Na minha companhia, Luiz Melatti, que já há alguns anos vive nos Estados Unidos. Estivemos lá para matar as saudades e relembrar os velhos tempos. Ficamos chocados com o que vimos. O prédio do restaurante totalmente abandonado, pichado e destruído. Nada lembra a imponência do passado recente. A impressão é que lá havia passado um furacão. E passou!!
    Segundo informações que colhemos no local, foi o furacão do dia 27 de março de 2004 que destruiu o que restava do local.
    O “Catarina†, foi o primeiro ciclone tropical e/ou furacão registrado no oceano atlântico. Seus ventos chegaram a 180 km por hora.
    Lá ficamos sabendo que o Parque não era mais Estadual. Tinha sido transferido para a Prefeitura Municipal de Torres.
    Uma pequena e esteticamente deprimente lanchonete, foi construída ao lado do lago e dos jardins concebidos pelo paisagista Burle Marx com a ajuda do ecologista gaúcho José Lutzemberger.
    Ambulantes vendem de tudo. Óculos, isqueiros, redes etc..
    O Parque da Guarita transformou-se em um lugar sem nenhum glamour. A história parou! Tomara que algum dia ,alguma autoridade ou personalidade influente volte seu olhar para a praia mais bonita do Rio Grande do Sul e faça um esforço, um mutirão para reconstruir o Restaurante Internacional, transformar novamente na saudosa praia da Guarita em lugar turístico com o destaque que merece, pois o que vimos foi a decadência total de um dos lugares mais bonitos do Brasil.
    Viva o Restaurante Internacional Parque da Guarita! Viva o Parque da Guarita ! Viva a Praia da Guarita !

    Julio Cesar Prusch

    Fevereiro de 2009

    SÃNDROME DO NINHO VAZIO

    A primeira vez que ouvi este termo, foi a oito anos atrás, quando cursava um Pós-Graduação em Porto Alegre. Era uma matéria sobre ciclo de vida de produtos e identificação de potenciais compradores.
    O livro era de Philip Kotler, um americano especialista em Marketing. Lá ele discorria sobre as etapas na vida de todos nós vista pelo prisma dos que planejavam o Marketing das grandes corporações.
    O capítulo que falava sobre a Síndrome do Ninho Vazio era surpreendente.
    Explicava os produtos que pessoas de uma certa idade, com filhos saindo da adolescência compravam ou deixavam de comprar. Por exemplo: Pessoas acima dos 40 anos, compravam mais remédios, gastavam menos com roupas, ficavam mais em casa e por isso compravam tvs maiores, microondas etc... Era realmente um raio-x dos hábitos de compras de pessoas de todas as faixas etárias.
    Mas o que mais me impressionou foi quando fizeram referência aos casais que a medida que os filhos iam crescendo iam mudando-se para casas cada vez maiores. Era estranho, mas era a mais desconcertante das realidades. Os filhos iam nascendo e os pais compravam casas cada vez maiores fazendo planos do tipo "meus filhos vão ficar comigo até sempre" . Na medida em que eles cresciam, iam abandonando o lar como se nunca tivessem ali vivido e simplesmente sem aviso cortavam o cordão umbilical de toda uma vida, deixando os pais órfãos de filhos vivos.
    Esta situação invariavelmente fazia com que a casa esvaziasse aos poucos. Quando os pais percebiam a casa estava vazia. Configurava-se então a "A Síndrome do Ninho Vazio", doença que fazia o sofrimento chegar a seio dos pais.
    Na época, apesar de impressionado, previ que isto não aconteceria comigo, ou se acontecesse chegaria muito tarde. Ingenuidade a minha!
    Chegou logo e com uma força avassaladora.
    Talvez a culpa seja minha, já que criei meus filhos tentando passar-lhes um ensinamento de independência e personalidade, apesar de sempre super protege-los.
    O fato é que de repente , sem aviso, deparo-me com uma situação onde minha filha mais velha, enfrenta-me como se fosse uma adulta experiente e soubesse tudo da vida. Uma situação em que a falta de palavras e de controle sobre o inusitado, desemboca em violência verbal e física.
    Fico então nostálgico a relembrar os anos de sua meninice, das fraldas que muitas vezes troquei, das consultas médicas que sempre fiz questão de acompanhar pessoalmente e das muitas e muitas noites em que eu e sua mãe fizemos plantão e velamos seu sono.
    Hoje, vejo minha filhinha escorrer pelos meus dedos, sem que eu saiba o que fazer. Prende-la? Reprende-la? Expulsa-la?, Abandona-la?
    Gostaría de praticar minha paternidade por mais tempo. Queria ser seu pai e protege-la mais um pouco, quem sabe para sempre? Mas o que fazer quando ela resolve querer ir embora? Quer “morar sozinhaâ€. Meu amor é tão grande, que a possibilidade de imaginar que não poderei mais esperar sua chegada, não serei mais necessário para busca-la após uma festinha com suas amigas, não poderei mais dormir tranqüilo após me certificar que ela já está no conforto de seu quarto, de sua cama, tudo isto me faz ser um pouco infeliz.
    Não sei como fazer, como reagir. Gostaria apenas que ela soubesse que sempre estarei aqui esperando por ela e pronto para aconchega-la em meus braços com todo o amor que guardo em meu peito deste o dia em que a vi pela primeira vez!

    Sempre te amarei minha filha.............

    Julio Prusch
    Teu Pai

    (Fevereiro 2007)

    TEMOS VAGAS

    Impressionante o que vem ocorrendo no País nos últimos 10 anos. De um lado a facilidade cada vez maior dada aos jovens para que possam cursar uma Universidade. Na outra ponta jovens que vivem para o hedonismo e nem pensam em assumir compromissos senão aqueles para as noites de quinta à domingo.
    Nas empresas a ordem do dia é: As 18:00 horas em ponto eu caio fora! Postos de chefia dando sopa e ninguém para ocupá-los!?
    Sempre que surgem vagas para chefia de departamentos, o que inclui um bom aumento de salário, possibilidades de aprendizado, up-grade na carreira etc, o que vemos são uma maioria incapaz de literalmente subir na mesa e gritar para seu Diretor "Quero uma chance, a vaga é minha!"
    O que se vê são cordeirinhos preguiçosos e acuados escondidos atrás da tela de seu computador.
    O que se constata é que o jovem de hoje não deseja assumir responsabilidades. Li na Internet que os jovens desta geração querem "aproveitar a vida" .
    Mas eu pergunto? Como aproveitar as coisas boas da vida se não buscarmos o sucesso intelectual, financeiro e pessoal? E como alcançar-lo sem esforço, determinação e sem risco?
    Muitas vezes nós gestores de empresas também temos culpa nesta estória. Aqueles que tem dificuldade em delegar, não abrem mão de tratar dos detalhes e não transmitem confiança a seus subordinados, estimulam de forma inequívoca a covardia e/ou o ódio dentro das organizações. Não são solidários, nem generosos e só vêem cifrões pela frente. Nestes casos, quem vai querer responsabilidades para dividir com tal gestor?
    Na prática ninguém! A não ser aqueles que se aguentam por serem obrigados por motivos diferentes a submeter-se aos mesmo cifrões.

    Temos vagas! Onde estão vocês, profissionais?

    Julio Cesar Prusch

    20/mar/2008

     
Membro da Soc. Brasileira de Coaching
Membro da Soc. Brasileira de Palestrantes
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